3 de junho de 2013

RUY CASTRO Enfim, a pizza por fax


RIO DE JANEIRO - Já escrevi aqui que, com todo o avanço da tecnologia, nada até hoje superou meu assombro ao ver pela primeira vez um fax em funcionamento. Foi em 1988. Para mim, era a revolução. A possibilidade de enviar ou receber direto um texto ou imagem significava o fim das matérias por telex, por telegrama ou pelo passageiro da ponte aérea, a quem se pedia --pode crer-- a gentileza de levar consigo um envelope e o entregar a alguém no aeroporto de destino.
Mas, como escrevi também, sempre achei que aquele aparelho só se realizaria quando pudesse transmitir uma pizza. Os anos se passaram e tal não aconteceu. Talvez por essa limitação, o fax foi saindo de linha até ser "descontinuado" e relegado ao mais sólido oblívio --um jovem de 20 anos, hoje, não saberá distingui-lo de um motor de geladeira ou de uma máquina de cortar salame. E, com isso, nunca tivemos a pizza transmitida por fax.
Até agora. Uma nova tecnologia, a impressora 3D, está empolgando a área biomédica. Com ela, pode-se "imprimir" objetos sólidos que replicam e substituem qualquer órgão que ainda use materiais arcaicos, como ossos, pele, nervos, músculos. Entre as maravilhas já produzidas contam-se próteses ósseas, corações à prova de infarto, material para transplante de face e revestimentos de pele tão perfeitos que podem ser até tatuados.
Claro que, com essa impressora, pode-se imprimir também um revólver ou rifle que atira como o velho trabuco e mata do mesmo jeito. Mas esse é um problema que a ciência transfere gostosamente à lei.
Agora o que importa. A Nasa encomendou a alguém do Texas uma máquina 3D capaz de imprimir comida e transmiti-la a seus astronautas em missões de longa duração e distância. A pizza foi o primeiro prato citado. Donde parabéns à Nasa e vaias para mim, que não registrei a ideia.
Folha de S.Paulo, 3/6/2013

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