11 de maio de 2013

Verbas para a educação


| Estado de Minas | Opinião | MG, 11/5/2013
É preciso discutir a aplicação eficiente dos recursos nas escolas
André Luís Parreira Professor de física, mestre em tecnologia e diretor das empresas Hiperlab (Brasil) e Plus Education Inc.(EUA) A presidente Dilma Rousseff anunciou em 1º de maio que encaminhou ao Congresso Nacional uma proposta para viabilizar a destinação de 100% dos royalties, participações especiais do petróleo e recursos do pré-sal à educação. Outro projeto que pretende engordar o orçamento do setor é o texto que determina o investimento de 10% do PIB na educação. Se isso tudo se tornar realidade, será preciso discutir a forma mais eficiente de distribuir esses aportes entre os ensinos infantil, fundamental, médio e superior e suas prioridades. É certo que o nível mais necessitado é o fundamental, seja pelas questões pedagógicas – aí se constroem bases da boa leitura, o raciocínio matemático e os conceitos fundamentais da ciência –, seja por questões administrativas – por estarem, em sua maioria, sob as administrações municipais, sem bons salários, planos de carreira, laboratórios e estrutura física em geral. Isso tudo reflete, por exemplo, nos resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que analisa, justamente, o nível fundamental. Nele, o Brasil ainda não descolou dos últimos lugares.
Para sermos mais seletivos, basta nos determos a dois aspectos do ensino fundamental que justificam sua necessidade de novos investimentos: a remuneração dos professores e a tecnologia nas escolas. O salário médio de um professor brasileiro de educação básica é um dos piores do mundo, figurando na antepenúltima posição na pesquisa feita em 40 países pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e Unesco. Entre as carreiras de nível superior no Brasil, podemos dizer que a licenciatura é a de menor retorno financeiro e atrai somente 2% dos jovens que concluem o ensino médio. Se essa profissão fosse realmente atraente, daríamos um salto em quantidade de interessados e, consequentemente, em qualidade. Em países como Japão, Finlândia, Alemanha, Canadá e Coreia do Sul, os professores recebem bons salários e reconhecimento social. Dessa forma, a carreira é capaz de selecionar candidatos entre os melhores alunos. Segundo o MEC, menos de 6% das escolas públicas de ensino fundamental possuem laboratório de ciências. Em países desenvolvidos, como Alemanha, Canadá e Estados Unidos, há muito tempo, mesmo antes da era da informática, as escolas já utilizavam experimentação desde as primeiras séries escolares. Agora, o uso da informática é efetivo, com computadores e tablets baseados em softwares educacionais.
No Brasil, os equipamentos para laboratórios escolares têm impostos, como qualquer outro produto. Além disso, as tecnologias mais inovadoras, como os laboratórios com sensores, ainda são importados e constituem quase um material de luxo. O resultado disso é que países como os EUA vão se destacando nos exames internacionais, atestando a eficiência de seus sistemas de educação para as séries equivalentes ao nível fundamental no Brasil, enquanto nós ficamos para trás.

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